Quando me olha na rua
Em frangalhos, quase nua,
Esquelética, franzina.
Com medo atravessa a praça
Julgando-me uma ameaça.
Segura o ar nas narinas,
Pra não sentir o meu cheiro,
Odor de cola e chiqueiro.
- Nem vê que na minha idade,
A droga mascara a fome.
Você sabe o meu nome?
-Lixo da Sociedade.
Você não sabe o que é ter,
Por banheiro - areia e mar
Por cama - o duro chão,
Por edredom - papelão
Comer migalhas de pão,
Para a fome mascarar?
Que ao nascer encontrou
Carinho, afeto, atenção.
Travesseiros bem macios,
Mantas aquecidas pro frio,
Mesa farta, educação?
Filhos bem alimentados,
Brinquedos só importados,
Ricas e grandes escolas!
Não sei escrever meu nome,
E para matar a fome
Aprendi pedir esmolas
Você sabe o que é olhar,
Pras mesas ricas de um bar,
Enquanto a fome rodeia?
Em vez do rico ladrão,
Por um pedaço de pão
Vou pra FEBEM ou cadeia?
Já parou para pensar
Se por ironia ou azar
Por sorte ou desatino.
Eu nascesse no conforto,
Você na lama e esgoto
Só por troca do destino?
Você não sabe o que é ter...
Pra conhecer o meu drama
Porque ninguém sobe a lama
Sentir na pele o horror:
De um desumano chiqueiro
Respirar o forte cheiro
De lama, lixo e suor.
A chuva molhando o chão,
Barraco de papelão,
Nada tendo pra comer?
Sou obrigado a pedir
A minha escola é mentir
Meu
livro – SOBREVIVER.
Esta poesia retrará a realidade dos nossos menores. Parabéns! Lia.
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